RESENHA: LIVRO Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis






























TÍTULO: MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
AUTOR: MACHADO DE ASSIS

Brás Cubas é um homem rico e solteiro que, depois de morto, resolve se dedicar à tarefa de narrar sua própria vida. Dessa perspetiva, emite opiniões sem se preocupar com o julgamento que os vivos podem fazer dele. De sua infância, registra apenas o contato com um colega de escola, Quincas Borba, e o comportamento de menino endiabrado, que o fazia maltratar o escravo Prudêncio e atrapalhar os amores adúlteros de uma amiga da família, D. Eusébia. Da juventude, resgata o envolvimento com uma prostituta de luxo, Marcela. Depois de retornar de uma temporada de estudos na Europa, vive um existência de moço rico, despreocupado e fútil. Conhece a filha de D. Eusébio, Eugênia, e a despreza por ser manca. Envolve-se com Virgília, uma namorada da juventude, agora casada com o político Lobo Neves. O adultério dura muitos anos e se desfaz de maneira fria. Brás ainda se aproxima de Nhã Loló, parenta de seu cunhado Cotrim, mas a morte da moça interrompe o projeto de casamento. Desse ponto até o fim da vida, Brás se dedica à carreira política, que exerce sem talento, e a ações beneficentes, que pratica sem nenhuma paixão. O balanço final, tão melancólico quanto a própria existência, arremata a narrativa de forma pessimista: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. "
Memórias de Brás Cubas se enquadra no gênero literário conhecido como sátira menipeia, no qual um morto se dirige aos vivos para criticar a sociedade humana. É o que faz o narrador, ao contar a história de sua vida após sua morte. A leitura do romance leva em conta a dupla condição do protagonista: tem o Brás vivo e o Brás morto.
O Brás vivo é personagem do narrador e vive uma existência marcada pelas futilidades sociais, pelo sentimento e pelo desprezo que manifesta pelos outros. 

O Brás mortos é o narrador, que é capaz de expor sem nenhum pudor os próprios defeitos. Em primeiro lugar, porque já está morto e não pode mais ser atingido pela ira de seus contemporâneos. Em segundo, por que a condição em que esta lhe da a sabedoria necessária para perceber que seu modo de agir é semelhante ao de todos os seres humanos. A sociedade é caracterizadas com o espaço do jogo entre aparência e essência, onde as pessoas interpretam papéis e fingem ser o que realmente não são. A impossibilidade de conhecer as profundezas da alma não impede o narrador de reconhecer a miséria moral da humanidade. Essa descoberta é sustentada sem problemas pelo Brás vivo, embasado na filosofia do humanitismo, que afirma que toda atitude humana, boa ou má, é justificável como um ato de preservação da espécie. O Brás morto, de sua parte, é capaz de olhar com ceticismo a própria teoria, chegando a uma conclusão que nada tem de otimista: por ele, a espécie humana termina ali, já que não deixa herdeiros da "nossa miséria".  
Marcus Oliveira
Marcus Oliveira Dono do Site

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